segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pesquisa: http://www.almanaquebrasil.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10651:os-toques-do-berimbau&catid=12987:especial&Itemid=217



Da ginga da capoeira à música brasileira, o berimbau sempre apresenta sua sonoridade hipnótica e seu ritmo marcante.

O berimbau é um instrumento afro-brasileiro. Foi trazido paro o Brasil por escravos de origem angolana. Em Angola, o instrumento é chamado de hungu ou m'bolumbumba e só no Brasil foi batizado como berimbau. O instrumento dá o tom para os vários toques da capoeira, conforme a variação rítmica em que é tocado.

Além da  relação íntima entre berimbau e capoeira, a musicalidade própria do berimbau  sempre marcou sua presença na música brasileira. O berimbau já foi tocado acompanhando diversos estilos musicais, como samba de roda, carimbó, bossa nova, jazz e músicas do movimento tropicalista.

Nos anos 1960 o berimbau foi definitivamente incorporado à nossa música, sendo também adotado em composições internacionais de jazz. É neste momento que o berimbau passa a ser ouvido imternacionalmente e sem estar relacionado com a capoeira.

Baden Powell experimentou o ritmo do berimbau no violão. Em 1968, em pleno Tropicalismo, Gilberto Gil gravou Domingo no Parque com arranjos de berimbau e guitarra.

No fim da década de 1960, o músico Naná Vasconcelos compôs várias canções em que havia destaque para o som do berimbau, com apresentações internacionais, difundindo a musicalidade do arame e da cabaça pelo mundo.

A cantora Joyce Moreno interpretou as Bachianas Nº 5, de Heitor Villa-Lobos ao som do instrumento afro-brasileiro. A música ficou conhecida por fazer parte da trilha sonora da novela Irmãos Coragem, exibida em 1970.

Como acompanhamento musical, o berimbau ficou amplamente conhecido. Eis que, atualmente, o maestro Dinho Nascimento trouxe a inovação de colocar o berimbau como o instrumento principal. A experimentação teve resultado espetacular. Trata-se da Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene.


Arames orquestrados
A ideia de se formar uma orquestra de berimbaus surgiu naturalmente. O maestro Dinho lembra que as rodas de capoeira da pracinha do Morro do Querosene, na cidade de São Paulo, não se iniciavam com o aquecimento corporal, mas com os mestres e os alunos se reunindo pra tocar o berimbau.

"Era bom pra relembrar os toques. Há muitos toques na capoeira. E aí foi amadurecendo a ideia de se fazer uma oficina para ensinar e aprender a tocar berimbau", conta Dinho.

As reuniões foram crescendo, as pessoas iam se envolvendo e os encontros passaram a ter muitos berimbaus. Nesse processo o maestro pensou: "Dá pra fazer uma orquestra."

O projeto amadureceu e tomou forma. Apesar de ter surgido em reuniões de rodas de capoeira, o maestro Dinho ressalta que "a criação da Orquestra se deu muito mais pela musicalidade e pela formação do ser humano do que pela ligação com a capoeira".

Quando Dinho pensou em trabalhar com o berimbau na orquestra, ele já sabia que este era visto como um instrumento de percussão de reconhecimento nacional e internacional, por sua sonoridade marcante relacionada ao Brasil.

“O que está faltando é trabalhar a musicalidade com mais profundidade. Dar profundidade é trabalhar o berimbau como instrumento no primeiro plano”, explica Dinho. Nesse sentido, o repertório escolhido para o primeiro álbum da Orquestra busca resgatar a música de domínio público. O Hino Nacional, por exemplo, é conhecido no mundo inteiro, interpretado por diversos artistas e instrumentos. Dinho pensou: “Só está faltando ser executado no berimbau.”

A Orquestra está em constante transformação, dando liberdade aos integrantes de seguirem suas carreiras como desejarem. "Também ensinamos a fazer o instrumento. Não queremos que as pessoas se interessem pela Orquestra só pelo fato de assistir a uma apresentação. Por isso tem oficinas pra mostrar como faz um berimbau, porque há esta preocupação mais social", acrescenta Dinho.

A preocupação social também é evidente na diagramação do CD, que vem com a escrita braile para os deficientes visuais. Trata-se do primeiro disco de música brasileira em grande circulação nacional que está escrito em braile.

O álbum Sinfonia de Arame traz músicas do repertório nacional como Na baixa do Sapateiro e Aquarela do Brasil, ambas de Ary Barroso, toques de capoeira, como as faixas Toque de Mestre e Cavalaria, e cantigas populares como Sertão do Caicó e Peixinhos do Mar. O Hino Nacional é a faixa final do álbum, homenageando o País ao som de um instrumento da musicalidade brasileira.


SAIBA MAIS...
Site da Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene
Veja ao lado da matéria alguns vídeos de músicas com berimbau.
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